Deitada na cama sobre o edredão de
tons azuis e verdes que do mar a faziam lembrar, olhou para o seu pequeno
aquário que se encontrava sob uma das mesas-de-cabeceira. Nunca as enchera de
fotografias ou recordações preferindo sempre que estas lhe enchessem a alma. Contudo
os peixes acabavam sempre por lhe trazer boas memórias.
Em criança adorava tentar apanhar peixes com
um camaroeiro e uma vez acabou mesmo por conseguir, porém ficou tão assustada
com a apoquentação do peixe que logo o devolveu à água.
Quando estava aborrecida com o
mundo, Marina tinha por hábito falar com os peixes. Sabia que as pessoas jamais
a compreenderiam como os peixes, assim como não compreendiam essa sua atitude
de desabafar com estes, porém ela sentia-se em paz com isso, pois também ela
não entendia muitas das acções do ser humano.
Pensava em como por vezes se sentia
longe do mundo e perto da loucura, mas seria mesmo assim?
Será que temos todos de olhar para
o mar e ver apenas as ondas ou será que devemos olhar para ele e ver como
reflecte o céu?
Sentia-se um pouco sem ar e exausta por viver apenas existindo, segundo o que lhe diziam. Portanto decidiu
fazer uma promessa e, como fazia antigamente com as tarefas, escreveu-a numa
folha para não mais se esquecer e colocou-a ao lado do aquário. De seguida leu em
voz alta: Eu vou ser alguém! E repetiu-o inúmeras vezes com a esperança de que
assim se tornasse mais real.
Enquanto isso, Atlântida – a mais
velha dos três peixes – saltou do aquário, salpicando a folha com uma enorme
gota de água.
Marina foi buscar um pano para limpar
a água espalhada também pelo chão e ao voltar viu que a folha estava
encarquilhada e seca, podendo agora ler-se: Nós não nascemos para ser alguém,
nascemos para ser quem somos.
E logo lhe veio à memória que esta era uma
frase que a sua avó sempre lhe dissera em pequena, mas que ela nunca entendera
e que mais tarde não lhe pudera ser por ela explicada.
8 comentários:
Um lindo e sensível conto Rita. Gostei muito. Grata pela visita e comentário em meu blog. Bjss
Peixinho esperto!
Pena a avó já cá não estar, pois decerto teria muito para ensinar.
Olha que deve ser bem giro ter um aquário na mesinha de cabeceira ;)
Relaxa!
Abç
Olá Rita,
Belíssimo e poético texto!
Para mim,entender a nossa singularidade
(essência),é a grande chave para sentir,Ser e
amar o milagre-vida...
"Nós não nascemos para se alguém,nascemos para
ser quem somos."
Gostei muito,muito de ler-te!
Bj.
Já tinha vindo espreitar:)!
Hoje li e se a opinião de um "escrevinhador", ou seja, um lavrador de palavras e semeador de vírgulas, vale alguma coisa, aí está:
- Gostei do conteúdo e da forma.
-Uma prosa poética de apreciar!
Abraço
gostei muito de ler esta pequena história, com várias frases sábias a povoá-la! Principalmente o conselho da avó da personagem!
Voltarei mais vezes! :)
Obrigada também pela visita aos meus Instântaneos!
Beijos
Olá,Rita!!!
Que linda sua escrita!!Um conto lindo e sensível!
Gostei muito!
Beijos!
Obrigada pela visita!
Seja sempre Bem-vinda!
Para desejar um excelente fim de semana!
Abraço
Olá.
Gostei muito de seu blog,parabéns.
Sabia que agora seu blog pode aparecer em um portal,isso mesmo,o Portal Teia,um portal só de blogs de qualidade.
Se quiser participar é só nos fazer uma visitinha.
Até mais
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